Projeto de Desenvolvimento do Território Quilombo de Corcovado



A preservação da memória e das tradições culturais, geração de renda, requalificação da produção culinária, fortalecimento do artesanato e a promoção da inclusão digital estão entre os benefícios alcançados pelo projeto de Desenvolvimento Territorial do Quilombo de Corcovado, realizado entre os meses de janeiro a junho de 2021.

O Projeto foi contemplado pelo chamamento público Jaime Sodré de Preservação das Matrizes Identitárias Jaime Sodré 2020, via Lei Aldir Blanc de Incentivo à Cultura.


A ênfase do Projeto foi valorizar o protagonismo dos quilombolas na construção de sua própria história. Das 19 pessoas contratadas pra trabalhar nesse projeto, 13 foram da própria comunidade. De um total de 200 mil repassados pelo Governo do Estado, através da Secretaria da Cultura, R$ 150 mil reais foram revertidos diretamente para a comunidade, seja para a remuneração de mestres, assistentes e jovens monitores da própria comunidade, seja na aquisição de equipamentos.


Os eixos de ação do projeto foram:

- preservação da memória e das tradições culturais, especialmente da Chula 

- Geração de renda

- requalificação da produção culinária

- fortalecimento do artesanato 

- promoção da inclusão digital 


O projeto adquiriu os seguintes equipamentos que ficaram para a Associação Quilombola da Comunidade de Corcovado:

- 5 celulares, 3 notebooks, 2 scanners, 1 câmera digital para as oficinas de foto, video, redes sociais e elaboração de projetos

- 1 fogão industrial, 1 geladeira, 1 batedeira industrial para a cozinha;

- 2 violões elétricos, rocar, timbau, tantan, zambumba, pandeiro, caixa e mesas de som para a chula;

- matéria-prima para o artesanato em palha.  



Segundo a coordenadora geral Milena Velloso de Azevedo, o projeto extrapolou o planejamento inicial de três eixos de atuação: valorização da chula, fortalecimento do artesanato e requalificação da cozinha industrial. “No decorrer do trabalho, a gente foi percebendo que não dava pra dissociar as demandas atuais da luta histórica da comunidade por direitos e dos desafios que ainda tem pela frente. E essas pontas, entre o presente o passado e o futuro, foram amarradas com a inclusão das oficinas de informática, foto, vídeo, redes sociais e elaboração de projetos, realizadas mediante pedido de remanejamento”, explicou Milena. 

 


Diante do agravamento da pandemia do novo coronavírus em todo o país, os protocolos sanitários foram reforçados. As oficinas de chula, por exemplo, foram restritas ao espaço e ao público internos da comunidade, com o objetivo de proteger os idosos, que são os maiores guardiões desta manifestação da cultura local. Já nas oficinas de artesanato, informática, vídeo, foto e redes sociais, os alunos foram orientados sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras em todas as atividades. 

 

Documentário - O Corcovado é reconhecido como uma comunidade remanescente de quilombo pela Fundação Palmares desde 2007, mas os direitos fundamentais como acesso à água e energia elétrica só foram conquistados a partir da organização da comunidade em torno da associação, fundada no ano seguinte. Situado a 12 km de distância da sede do município de Palmeiras, o Corcovado ainda luta contra o isolamento e o abandono do poder público. A única via de acesso a serviços essenciais, como escola, posto de saúde, farmácia e mercados, é uma estrada sem pavimentação que passa pelo lixão da cidade e não dispõe de linha regular de transporte.

 


Esta história de resistência ganhou um registro histórico do projeto na forma de um curta-metragem de autoria do cineasta Rafael Lage (Malucos de Estrada II, A Criminalização do Artista), que dividiu seu tempo entre as filmagens e edição da obra e as aulas de foto e vídeo para os jovens e adolescentes do quilombo. A obra foi concluída e exibida, em primeira mão, na sede da associação local, em evento que marcou a culminância do projeto, no dia 10 de junho de 2021. 


A exibição do filme “Quilombo Corcovado - Ancestralidade” marcou o encerramento do Projeto de Desenvolvimento do Quilombo de Corcovado. Ancestralidade é um curta-metragem de 30 minutos de duração com direção, roteiro e edição do cineasta Rafael Lage (Malucos de Estrada II e A Criminalização do Artista de Rua), gravado em meio às oficinas de vídeo e fotografia do Projeto, ministradas aos jovens e adolescentes quilombolas pelo próprio diretor.

A partir de entrevistas feitas com os anciãos e de imagens captadas ao longo de três meses de convivência com a comunidade situada no município de Palmeiras, na Chapada Diamantina, Lage tece uma narrativa sensível e ao mesmo tempo contundente sobre a resistência do povoado para superar as adversidades impostas pelo isolamento e ostracismo a que foram historicamente relegados, tanto pelos poderes públicos quanto pela sociedade. 


Ancestralidade foi uma das ações do eixo preservação da memória e das tradições culturais do Projeto de Desenvolvimento do Corcovado, que incluiu ainda uma pesquisa sociológica e a construção de uma linha do tempo da história do Corcovado, ambos os trabalhos de autoria da graduanda em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), Ana Júlia Sateles.
 

O projeto de Desenvolvimento do Território Quilombo de Corcovado tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e do Centro de Culturas Populares e Identitárias - CCPI, (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

 

Programa Aldir Blanc Bahia - Criado para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, o Programa Aldir Blanc Bahia (PABB) visa cumprir os incisos I e III da Lei Aldir Blanc (Lei Federal nº 14.017, de 29 de junho de 2020) e suas regulamentações federal e estadual. As ações são: a transferência da renda emergencial para os trabalhadores e trabalhadoras da cultura, e a realização de chamadas públicas e concessão de prêmios. O PABB tem execução pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, geridas por meio da Superintendência de Desenvolvimento Territorial da Cultura e do Centro de Culturas Populares e Identitárias; e as suas unidades vinculadas: Fundação Cultural do Estado da Bahia, Fundação Pedro Calmon, Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural.

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