As ações de valorização da cultura e identidade beneficiam os quilombolas de Corcovado, na Chapada Diamantina
A
preservação da memória e das tradições culturais, geração de renda,
requalificação da produção culinária, fortalecimento do artesanato e a promoção
da inclusão digital estão entre os benefícios alcançados pelo projeto de
Desenvolvimento Territorial do Quilombo de Corcovado, que encerrou suas
atividades presenciais no último dia 9/4. A iniciativa, contemplada
com recursos de R$ 200 mil pelo edital de Preservação das Matrizes Identitárias
Jaime Sodré 2020, via Lei Aldir Blanc de Incentivo à Cultura, vem município
de Palmeiras, na região da Chapada Diamantina.
Deste total
investido, R$ 80 mil foram destinados à remuneração de moradores e R$ 70 mil à
aquisição de equipamentos, como batedeira e fogão industrial, violões
elétricos, mesa de som e caixas acústicas, matéria-prima para o artesanato e
notebooks, impressoras, câmera digital e smartphones, entre outros.
Segundo a coordenadora geral Milena Velloso de Azevedo, o projeto extrapolou o planejamento inicial de três eixos de atuação: valorização da chula, fortalecimento do artesanato e requalificação da cozinha industrial. “No decorrer do trabalho, a gente foi percebendo que não dava pra dissociar as demandas atuais da luta histórica da comunidade por direitos e dos desafios que ainda tem pela frente. E essas pontas, entre o presente o passado e o futuro, foram amarradas com a inclusão das oficinas de informática, foto, vídeo, redes sociais e elaboração de projetos, realizadas mediante pedido de remanejamento”, explicou Milena.
Outro
diferencial do projeto foi a prioridade dada à contratação de mão-de-obra
local. “De uma equipe de 17 pessoas que estão atuando de forma remunerada na
execução deste edital, 12 são mestres, assistentes e jovens monitores do
próprio Corcovado e apenas cinco profissionais não pertencem à comunidade”,
pontuou Milena.
Diante do agravamento da pandemia do novo coronavírus em todo o país, os protocolos sanitários foram reforçados. As oficinas de chula, por exemplo, foram restritas ao espaço e ao público internos da comunidade, com o objetivo de proteger os idosos, que são os maiores guardiões desta manifestação da cultura local. Já nas oficinas de artesanato, informática, vídeo, foto e redes sociais, os alunos foram orientados sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras em todas as atividades.
Documentário - O Corcovado é reconhecido como uma comunidade remanescente de
quilombo pela Fundação Palmares desde 2007, mas os direitos fundamentais como
acesso à água e energia elétrica só foram conquistados a partir da organização
da comunidade em torno da associação, fundada no ano seguinte. Situado a 12 km
de distância da sede do município de Palmeiras, o Corcovado ainda luta contra o
isolamento e o abandono do poder público. A única via de acesso a serviços
essenciais, como escola, posto de saúde, farmácia e mercados, é uma estrada sem
pavimentação que passa pelo lixão da cidade e não dispõe de linha regular de
transporte.
Esta história de resistência ganhará um registro histórico do projeto na forma de um curta-metragem de autoria do cineasta Rafael Lage (Malucos de Estrada II, A Criminalização do Artista), que dividiu seu tempo entre as filmagens e edição da obra e as aulas de foto e vídeo para os jovens e adolescentes do quilombo. A previsão é que a obra seja concluída e exibida, em primeira mão, na sede da associação local, em evento que marcará a culminância do projeto.
O projeto de
Desenvolvimento do Território Quilombo de Corcovado tem apoio financeiro do
Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e do Centro de Culturas
Populares e Identitárias - CCPI, (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir
Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do
Turismo, Governo Federal.
O
público pode acompanhar o projeto nas redes sociais, acessando o link da
página da Associação Quilombo de Corcovado no instagram ou no facebook.
Programa Aldir Blanc Bahia - Criado para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, o Programa Aldir Blanc Bahia (PABB) visa cumprir os incisos I e III da Lei Aldir Blanc (Lei Federal nº 14.017, de 29 de junho de 2020) e suas regulamentações federal e estadual. As ações são: a transferência da renda emergencial para os trabalhadores e trabalhadoras da cultura, e a realização de chamadas públicas e concessão de prêmios. O PABB tem execução pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, geridas por meio da Superintendência de Desenvolvimento Territorial da Cultura e do Centro de Culturas Populares e Identitárias; e as suas unidades vinculadas: Fundação Cultural do Estado da Bahia, Fundação Pedro Calmon, Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural.
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